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Argamassas: atualização da ABNT NBR 13281

No mês de fevereiro de 2023, foi publicada a revisão da ABNT NBR 13281, a principal norma técnica brasileira quando o assunto é argamassa. Trata-se de uma atualização importante, tendo em conta de que a versão anterior datava de 2005.

A primeira mudança a ser destacada reside no nome da norma, que passou de “Argamassa para assentamento e revestimento de parede” para “Argamassas inorgânicas – requisitos e métodos de ensaios”. Ou seja, a NBR 13281 deixou de abordar apenas argamassas para assentamento e revestimento de alvenarias e passou a abranger outros tipos de argamassa. Nesse contexto, a norma passou a ter duas partes em vigor, a saber, argamassas para revestimento de paredes e tetos (Parte 1) e argamassas para assentamento e argamassas para fixação de alvenaria (Parte 2). Está ainda em desenvolvimento a Parte 3, que tratará de argamassas para chapisco e prevista a quarta parte da norma, versando sobre contrapisos.

Conceitualmente, as atualizações introduzidas na norma condensam a abordagem de desempenho para especificação do material, diferentemente da versão anterior, que se limitava a classificar as argamassas.

Em se tratando das argamassas de revestimento, a versão de 2023 da NBR 13281 estabeleceu nova nomenclatura que correlaciona sua aplicabilidade e propriedades.

  • Argamassa inorgânica para revestimento ARV-I: argamassa inorgânica indicada para revestimento interno de qualquer edificação e externo para edificações com altura total de até 10 metros do nível médio da rua da fachada principal
  • Argamassa inorgânica para revestimento ARV-II: argamassa inorgânica para revestimento interno de qualquer edificação e externo de edificações com altura total de 60 metros do nível médio da rua da fachada principal
  • Argamassa inorgânica para revestimento ARV-III: argamassa inorgânica para revestimento interno de qualquer edificação e externo de edificações com altura superior a 60 metros do nível médio da rua da fachada principal
  • Argamassa de emboço técnico AET: argamassa inorgânica destinada à utilização como primeira camada do revestimento de edificações, fazendo parte de um revestimento ATD Multicamadas (substrato para a última camada – camada aparente), estabelecido na ABNT NBR 16648

Considerando as nova nomenclatura e classificação, os requisitos e critérios de desempenho estabelecidos na norma são divididos em requisitos classificatórios, que classificam as argamassas segundo sua utilização, e requisitos informativos, que devem apenas ser informados na embalagem ou ficha técnica, no caso de argamassas industrializadas, ou nos registros de controle de obra, no caso das argamassas produzidas no canteiro de obras. A Tabela 1 da NBR 13281 contém os referidos requisitos classificatórios e informativos.

Fonte: NBR 13281 (ABNT, 2023)

Importante destacar que foram introduzidos novos ensaios, como módulo de elasticidade dinâmico e variação dimensional, propriedades importantes para, por exemplo, diminuir a ocorrência de fissuras e desplacamentos, manifestações patológicas importantes nas edificações.

A parte 2 também tratou de classificar as argamassas para assentamento e fixação (encunhamento) de alvenaria:

  • Argamassa para assentamento de alvenaria de vedação AAV:  argamassa para assentamento de alvenaria de vedação, ou seja, prédio com estruturas de concreto armado, onde as paredes cumprem apenas função de vedação
  • Argamassa para fixação horizontal de alvenaria AAF: são as argamassas para encunhamento
  • Argamassa própria para prédios de alvenaria estrutural AAE: argamassas para edificações em alvenaria estrutural

No caso da AAE é importante destacar a correlação estabelecida com a NBR 16868:2020 – Alvenaria estrutural – através das classes de resistência à compressão de blocos para alvenaria estrutural, como mostra a Tabela 2:

Fonte: NBR 13281-2 (ABNT, 2023)

Tal uniformização tem grande relevância para os projetos e obras em alvenaria estrutural, no sentido de padronizar as especificações nos projetos. E, falando em uniformização, essa importante revisão traz ganhos a todos setores da cadeia produtiva. Os fabricantes verão o mercado ser equalizado tecnicamente, a partir das informações que devem constar nas embalagens e/ou fichas técnicas. Para projetistas e construtores, a padronização das informações facilitará a especificação e compra do material, mitigando riscos técnicos às obras. E para os usuários, claro, serão oferecidos subsistemas de maior qualidade e durabilidade.

O universo das argamassas é bastante amplo e tecnicamente complexo, se considerarmos as possibilidades de utilização do material e as diferentes propriedades que podem vir a ser necessárias para sua especificação e aplicação.

Então, para finalizar, deixo como dica conferir o curso Tecnologia de Argamassas, totalmente online, que conta com o conteúdo mais completo sobre argamassas de toda a internet. Acesse este link e confira.

*Este artigo teve a contribuição do Eng. Civil Felipe Lima Schneider.

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Bernardo Tutikian

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